Santa Teresa de Ávila, um dos vértices da espiritualidade cristã de todos os tempos: Bento XVI, na audiência geral
O Papa agradeceu hoje a “oração” e o “trabalho” realizado pelas pessoas que dedicam a sua existência à vida religiosa, durante a audiência realizada no dia em que a Igreja lembra os consagrados a Deus.
No encontro realizado na grande aula das audiências do Vaticano, Bento XVI pediu orações por “aqueles que, fazendo os votos de pobreza, castidade e obediência, tendem à santidade, no serviço às crianças, aos jovens, aos doentes, idosos e sós”.
“Somos gratos a eles pela oração e o trabalho que desenvolvem nas paróquias, nos hospitais, nas casas de repouso e nas escolas”, disse o Papa, sublinhando que “o seu serviço é para a Igreja um dom particularmente precioso”.
A abrir uma nova série de catequeses, dedicada aos doutores da Igreja - membros da Igreja Católica que se distinguiram pela santidade, doutrina e ciência - Bento XVI escolheu Santa Teresa de Jesus (1515-1582), “um dos vértices da espiritualidade cristã de todos os tempos”.
“O exemplo desta santa, profundamente contemplativa e eficazmente operadora, estimula-nos também a dedicar todos os dias o justo tempo à oração, para aprender de Deus um amor ardente a Ele e à sua Igreja e uma caridade concreta”, salientou.
As leituras de infância da religiosa nascida na cidade espanhola de Ávila ofereceram-lhe dois “princípios fundamentais”: a transitoriedade das realidades mundanas e a certeza de que só Deus é “para sempre”, recordou Bento XVI.
Teresa empenhou-se na renovação da Ordem Carmelita: em 1562 fundou em Ávila a primeira comunidade reformada, trabalho que prosseguiu nos anos seguintes com o estabelecimento de mais 16 casas.
Juntamente com São João da Cruz, também espanhol, erigiu no ano de 1568 em Duruelo o primeiro convento dos Carmelitas Descalços.
A catequese de Bento XVI sublinhou “o distanciamento dos bens ou pobreza evangélica” e “o amor” que marcaram a vida de Teresa, além da “humildade como amor à verdade” e “a determinação como fruto da audácia cristã”.
Ao mesmo tempo que experimentava “um amor incondicional pela Igreja”, diante “dos episódios de divisão e conflitos” que a atravessavam, a santa espanhola propôs “uma profunda sintonia com os grandes personagens bíblicos e a escuta viva da Palavra de Deus”.
Entre os aspectos principais do pensamento teresiano encontram-se a “relação pessoal com Jesus” e o cultivo da “perfeição”, entendida como “aspiração” e “meta final” da vida cristã.
Na saudação em língua portuguesa, o Papa fez votos para que “o exemplo e a intercessão de Santa Teresa de Jesus” ajudem os peregrinos a ser, “através da oração e da caridade aos irmãos, testemunhas incansáveis de Deus numa sociedade carente de valores espirituais”.
Queridos irmãos e irmãs,
Santa Teresa de Jesus, nascida no século XVI, é um dos vértices da espiritualidade cristã de todos os tempos, e deu início, junto com São João da Cruz, à Ordem dos Carmelitas descalços. Apesar de não possuir uma formação acadêmica, sempre soube se alimentar dos ensinamentos de teólogos, literatos e mestres espirituais. Suas principais obras são: «O livro da Vida»; «Caminho da perfeição»; «Castelo Interior» e «O Livro das Fundações». Entre os elementos essenciais da sua espiritualidade, podemos destacar, em primeiro lugar, as virtudes evangélicas, base de toda a vida cristã e humana. Depois, Santa Teresa insiste na importância da oração, entendida como relação de amizade com Aquele que se ama. A centralidade da humanidade de Cristo, outro tema que lhe era muito caro, ensina que a vida cristã é uma relação pessoal com Jesus, a qual culmina na união com Ele pela graça, pelo amor e pela imitação. Por fim, está a perfeição, aspiração e meta de toda vida cristã, realizada na inabitação da Santíssima Trindade, na união com Cristo através do mistério da Sua humanidade.
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Dou as boas vindas a todos os peregrinos de língua portuguesa, presentes nesta Audiência! Que o exemplo e a intercessão de Santa Teresa de Jesus vos ajudem a ser, através da oração e da caridade
Durante a audiência geral rapaz, enquanto eram anunciadas as delegações dos peregrinos de língua portuguesa, na Sala Paulo VI, no Vaticano, um rapazinho apresentou-se a Bento XVI.
O Papa sorriu-lhe e trocou algumas palavras com ele antes de lhe dar a bênção.
A cena provocou risos e aplausos entre os peregrinos, que viram quando Georg Gaenswein, secretário do Papa, percebeu a movimentação e, com um gesto discreto para as forças de segurança, permitiu que o rapaz fosse até Bento XVI.