O repugnante filme “Corpus Christi”

29-03-2011 13:17

 Se ser gay é uma opção, por que não respeitar a opção de ser cristão?

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André L. R. Cardoso

Em latim, “Corpus Christi” quer dizer Corpo de Cristo. Do que se trata? Antes de falarmos sobre esse tema e da repugnante obra que fizeram para denegri-Lo, voltemos ao passado para explicarmos quem é Cristo (do grego “Kristós”, que quer dizer Messias; Filho ou Enviado de Deus). 

MONOTEÍSMO - Para Judeus, Cristãos e Muçulmanos, existe um único Deus, que criou tudo e todos. Os três grupos dizem que a maior diferença entre pessoas e animais é esta: “Elas possuem uma alma eterna chamada espírito” e “foram criadas à imagem e semelhança deste Deus”, “que lhes confia um amor paterno, íntimo”; e os bichos, ao contrário dos humanos, possuem uma alma mortal. Mas observe: grifam que “as pessoas não foram criadas semelhantes a Deus em grandeza, mas em essência”, como se elas fossem gotinhas retiradas de um oceano infinito, que é Deus. Explicam ainda que essa semelhança diz respeito principalmente ao livre arbítrio, à liberdade de escolha. 

PECADO - No entanto, além da ideia da existência de um único Deus e do homem por Ele divinizado, revelam um outro conceito: o do pecado (palavra que vem do latim “peccata” e significa ruptura, quebra, separação). E neste tema, os três grupos monoteístas ensinam que nossa espécie, ainda em fase experimental ou de prova, foi enganada por uma outra criatura mais inteligente e, lamentavelmente, cometeu algo muito grave contra a vida. Com isso, perdeu sua paz interior, sua super-inteligência e seus poderes preternaturais (como serem eternos, levitarem e andarem sobre as águas); prejudicou a si mesma e a todas as criaturas do mundo, dentro e fora da Terra. Este trágico enredo é o que eles chamam de “Pecado Original” ou “Quebra Inicial”. Diz-se que foi como se esse grupo de gravíssimos erros (representado por uma atitude) expandisse radiações como de uma bomba atômica, produzindo alterações e anomalias em tudo, sendo a água a criatura menos contaminada e, por isso, a mais presente e a mais solicitada pelos seres vivos. Essas primeiras fantásticas e imprudentes criaturas humanas foram apelidadas de “Adão” e “Eva”: apelidos que, traduzidos para a Língua Portuguesa, leríamos “Primeiro Homem” e “Primeira Mulher” (ou “Mãe dos Viventes”). 

DNA - E continuam: pelas pessoas herdarem essas limitações, esses erros transmitidos através das gerações (gens) chamam-se “conseqüências do pecado original”. Segundo os Livros Sagrados dessas três religiões, os descendentes desses primeiros humanos, aos poucos, separaram-se em grupos bem distintos, que sofreram mutações de toda espécie, formando desde tribos de gigantes assassinos (extintos), clãs de pessoas frágeis e pacíficas até o que mais ou menos somos hoje. Porém, afirmam-nos: “Todos sem a capacidade de chegarem à verdade sem o auxílio de Deus”.

JUDAÍSMO - Passam-se séculos até o surgimento de um homem chamado Abrahão que, ao contrário dos primeiros, usa sua liberdade para dar inicio a uma nova forma de pensar, sentir e agir: surge a “era dos filoteos, amigos de Deus ou obedientes” – noutras palavras, um monoteísmo acompanhado de profetas que, aos poucos, é acrescido pelo anúncio do nascimento de um Salvador eterno. Estamos falando do Judaísmo. Alguns judeus entendem que este Salvador seria um guerreiro invencível que subjugará os outros povos, deixando-os sob os cuidados ou domínio dos judeus – uma espécie de “justiça” aos moldes da vingança humana. Para outros, outrossim, seria um homem boníssimo dotado dos mesmos poderes de “Adão”, que viria para salvar o homem das péssimas conseqüências do pecado original e, assim, resgatando a sua primeira natureza. Ou seja, alguns pensam ser um salvador bélico e político, vingando os judeus; outros, um líder espiritual que resgata a condição biológica e mística dos seres humanos quando foram criados por Deus. Esse homem é anunciado em grego com o termo Kristós ou Cristo; e em hebraico, Mechiach ou Messias, o Profeta dos profetas e a suma da realização das profecias.

CRISTIANISMO - Séculos mais tarde, nasce Iehoshua, também conhecido pela língua grega por Iesous; ou em latim, por Jesus, que é chamado por seus seguidores também de “El Bar”, o Deus Filho; ou Mechiach Bar El, o Messias Filho de Deus. Nasceu o Cristianismo. Embora para os muçulmanos Jesus seja apenas mais um dos Profetas e o maior seria Maomé, para os cristãos Jesus é o Cristo, o único Messias anunciado. Aliás, segundo os cristãos, em Jesus, Deus chegou ao ápice de Sua divina loucura de amor pela humanidade: o Evangelho diz que “não encontrando nenhum homem que pudesse executar Sua missão de resgate ou redenção, Ele próprio fez-Se homem”. S. Paulo escreve assim: “Ele tomou a natureza humana para que o homem retomasse a natureza divina” – a isso chamou de pacto ou aliança, a Nova e Eterna Aliança, ou Novo Testamento. Isso significa que em Cristo se encontram unidas e em perfeita harmonia duas naturezas: a divina e a humana. Jesus é Homem; todavia, sem influências do Pecado Original: por isso, anda sobre as águas e levita como fazia Adão antes de ter cometido o delito original. Mas este Jesus é visto como superior a Adão, pois não comete delitos, conserva-Se perfeitamente fiel e, para provar Sua lealdade impecável, aceita ser crucificado: é torturado e morto por amor; digo, para provar Seu incomensurável amor.

Notemos que quando se ressalta a extrema baixeza e mediocridade humanas, evidencia-se ao máximo a enorme misericórdia de Deus. Noutras palavras, o pior da humanidade acaba por evidenciar o infinito amor de Deus por ela. Como se não bastasse, Jesus ainda cura os enfermos, ressuscita mortos, faz exorcismos, é dono de tudo, inclusive da própria vida e, por isso, ressuscitou. 

Essa é a visão cristã de Jesus. Mas tais afirmativas, que são ultra-emocionantes para os cristãos, são vistas pelos judeus como uma blasfêmia, um ultraje a Deus, que jamais se rebaixaria a tal ponto; e para os muçulmanos, uma prova de incompreensão das Escrituras, pois como reza-se em suas mesquitas, “Deus não tem filhos”, mas apenas criaturas.

CORPUS CHRISTI - Este Jesus, chamado de Cristo pelos cristãos, encerra Sua Última Ceia com Seus doze alunos, que foram Seus primeiros sacerdotes. Afirma que quem não se alimentar de Seu Corpo, que é verdadeira carne escondida na aparência do pão por Ele consagrado, nem beber de Seu sangue, que é verdadeira bebida escondida na aparência do vinho por Ele consagrado, não terá a vida eterna. E o afirma de forma tão literal que aterroriza 45 de seus discípulos, que se levantam contra Ele, contestando-O. Essas mais de 40 pessoas esperaram dEle que lhes dissesse que tais palavras eram simbólicas. 

Como Jesus as repetiu de forma literal novamente, dessas mais de quarenta pessoas que O seguiam, ficaram apenas doze, dentre os quais Simão, por Jesus renomeado Cefas ou Petrus, o famoso S. Pedro, que, como os demais, são declarada e radicalmente opostos à prostituição e à “opção gay”. Tal Ceia é revivida de forma muito especial na Santa Páscoa, cuja essência é obediência aos Dez Mandamentos, pureza, humildade e profunda mística que remonta os mais antigos escritos da humanidade. Isso é Corpus Christi: o resgate de uma natureza perdida, numa enorme honra à inocência.

TEATRO E FILME - No entanto, em 2001, ainda que se saiba que violência gera violência, artistas norte-americanos se reuniram para concretizar uma nojenta peça de teatro, intitulada “Terrence McNallys Corpus Christi”, patrocinada por grandes empresas, entre as quais se destaca a Trans Worl Airlines. Nessa peça infame, Jesus e seus apóstolos são colocados como gays. E circula na internet um boato que tal peça teria angariado fundos para um filme com semelhante nome e conteúdo, que deverá estar nos cinemas até 2010.

Fantasia ou realidade, é bom lembrar que cada cultura deve ser respeitada segundo seus princípios, desde que não fira a vida, a justiça e a caridade. Do contrário, como pode alguém ostentar a bandeira da liberdade se a tira das mãos de seus opositores? Não seria uma liberdade falsa, presa, desfigurada? Ou seja: pensar diferente é lícito, mas invadir a privacidade alheia, não; afinal, respeito é a base de tudo que se entende por civilizado. O que quer dizer que – não importa se há favorecimentos ou não ao homossexualismo na lei – chamar Jesus e Seus “homofóbicos” seguidores de gays é um insulto histórico que agride violentamente todos os verdadeiros cristãos e os próprios gays: num certo sentido, dizerem-nos gays é quase como criar uma peça onde o exército de Israel ostenta uma suástica como bandeira principal.

Se ser gay é uma opção, por que não respeitar a opção de ser cristão? Para que a agressão? Portanto, se querem ser respeitados, até os gays devem ser contra tanto a peça teatral como ao suposto filme. Ou seja, quem não respeita não deve ser respeitado, assim como não deve ser livre quem fere a liberdade alheia, inclusive a de ser cristão e contra a opção gay. Contra ou a favor, é direito de todos não serem invadidos nem humilhados. Um brinde ao respeito e à honra de todos!


André Luís Roque Cardoso é professor de Liderança Ética na Escola de Música Artes e Melodias, onde é sócio-proprietário. Contato: (19) 3421-0272 ou harmonia.21@gmail.com