No Egito, cristãos e muçulmanos devem trabalhar juntos
Após a saída do poder do Presidente Hosni Mubarak, os cristãos no Egito precisam trabalhar para obter a igualdade em um país majoritariamente muçulmano: foi o que disse o especialista no Islã, o sacerdote jesuíta Samir Khalil Samir.
Em diálogo telefônico com a agência ACI Prensa depois do anúncio da saída de Mubarak, o jesuíta assinalou : "o que necessitamos agora é algo que ajude às pessoas a viverem mais humanamente. Talvez depois disto, depois de ter passado por um regime autoritário - de mais de 30 anos -, as pessoas busquem realmente fazer algo mais democrático".
O sacerdote disse ainda que se viu animado porque os protestos contra Mubarak nasceram do povo, incluindo todos os setores e religiões da sociedade. "Cristãos e muçulmanos estiveram juntos. Não tivemos nenhum chamado extremista do Islã. Além disso, tampouco houve agressões contra Israel, Estados Unidos ou bandeiras queimadas", afirmou. "O resultado disto é uma nova esperança para o Egito", acrescentou.
Agora é preciso gerar um governo democrático que não seja extremista e que respeite o direito de cristãos - que são uma minoria - e muçulmanos por igual. O sacerdote explicou também que existe ainda a ameaça de que os Irmãos Muçulmanos queiram "islamizar" o país, mas que isso não seria conveniente para o Egito.
Padre Khalil disse à ACI Prensa que existem três áreas nas quais é importante que os cristãos assegurem a igualdade. A primeira é no mercado de trabalho, "para que não exista a preferência de contratar um muçulmano ao invés de um cristão".
O segundo ponto é o das permissões para construir Igrejas, para que seja tão fácil como é para os muçulmanos construírem suas mesquitas. Uma lei de 1880 faz que os cristãos tenham muitas complicações para isto.
O terceiro tema é o da liberdade de consciência: os egípcios deveriam ser livres para se converter do cristianismo ao Islã e vice-versa sem que exista ameaça alguma contra os conversos. "O importante e que deve ficar claro é isto: que estamos todos sob as mesmas normas", precisou o sacerdote.
Os cristãos, disse, devem sair de seus guetos "para estar muito mais envolvidos na sociedade, no mundo político, social e econômico da nação".
É importante, concluiu Padre Khalil, que os cristãos egípcios considerem que "se houver algo a ser dito devem dizê-lo, e se alguém diz algo contra o cristianismo é preciso corrigi-lo. E se dissermos algo de errado então devemos estar de acordo no fato de que outra pessoa nos corrija".
Fonte: Rádio Vaticano