Mistérios Luminosos

01-10-2010 13:39

 Escola da Fé


 

Mistérios Luminosos




MISTÉRIOS LUMINOSOS


Passando da infância e da vida de Nazaré à vida pública de Jesus, a contemplação leva-nos aos mistérios que se podem chamar, por especial título, `mistérios da luz`. Na verdade, todo o mistério de Cristo é luz. Ele é a « luz do mundo » (Jo 8, 12). Mas esta dimensão emerge particularmente nos anos da vida pública, quando Ele anuncia o evangelho do Reino. Querendo indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos, mistérios luminosos, desta fase da vida de Cristo, considero que se podem justamente individuar:


1. no seu Batismo no Jordão,

2. na sua auto-revelação nas bodas de Caná,

3. no seu anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão,

4. na sua Transfiguração e

5. na instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal.


Cada um destes mistérios é revelação do Reino divino já personificado no mesmo Jesus.


1. Primeiramente é mistério de luz o Batismo no Jordão. Aqui, enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que Se faz pecado por nós (cf. 2 Cor 5, 21), o céu abre`se e a voz do Pai proclama`O Filho dileto (cf. Mt 3, 17 par), ao mesmo tempo que o Espírito vem sobre Ele para investi`Lo na missão que O espera.


2. Mistério de luz é o início dos sinais em Caná (cf. Jo 2, 1-12), quando Cristo, transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os crentes.


3. Mistério de luz é a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão (cf. Mc 1, 15), perdoando os pecados de quem a Ele se dirige com humilde confiança (cf.Mc 2, 3-13; Lc 7, 47-48), início do ministério de misericórdia que Ele prosseguirá exercendo até ao fim do mundo, especialmente através do sacramento da Reconciliação confiado à sua Igreja (cf. Jo 20, 22-23).


4. Mistério de luz por excelência é a Transfiguração que, segundo a tradição, se deu no Monte Tabor. A glória da Divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai O acredita aos Apóstolos extasiados para que O « escutem » (cf. Lc 9, 35 par) e se disponham a viver com Ele o momento doloroso da Paixão, a fim de chegarem com Ele à glória da Ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Santo.


5. Mistério de luz é, enfim, a instituição da Eucaristia, na qual Cristo Se faz alimento com o seu Corpo e o seu Sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando « até ao extremo » o seu amor pela humanidade (Jo 13, 1), por cuja salvação Se oferecerá em sacrifício.


Nestes mistérios, à exceção de Caná, a presença de Maria fica em segundo plano. Os Evangelhos mencionam apenas alguma presença ocasional dela no tempo da pregação de Jesus (cf.Mc 3, 31-35; Jo 2, 12) e nada dizem de uma eventual presença no Cenáculo durante a instituição da Eucaristia.


Mas, a função que desempenha em Caná acompanha, de algum modo, todo o caminho de Cristo. A revelação, que no Batismo do Jordão é oferecida diretamente pelo Pai e confirmada pelo Baptista, está na sua boca em Caná, e torna`se a grande advertência materna que Ela dirige à Igreja de todos os tempos: « Fazei o que Ele vos disser » (Jo 2, 5). Advertência esta que introduz bem as palavras e os sinais de Cristo durante a vida pública, constituindo o fundo mariano de todos os `mistérios da luz`.


A distribuição no tempo


O Rosário pode ser recitado integralmente todos os dias, não faltando quem louvavelmente o faça. Acaba assim por encher de oração as jornadas de tantos contemplativos, ou servir de companhia a doentes e idosos que dispõem de tempo em abundância. Mas é óbvio e isto vale com mais forte razão ao acrescentar`se o novo ciclo dos mysteria lucis, que muitos poderão recitar apenas uma parte, segundo uma determinada ordem semanal. Esta distribuição pela semana acaba por dar às sucessivas jornadas desta uma certa `cor` espiritual, de modo análogo ao que faz a Liturgia com as várias fases do ano litúrgico.


Segundo a prática corrente, a segunda e a quinta`feira são dedicadas aos `mistérios da alegria`, a terça e a sexta`feira aos `mistérios da dor`, a quarta`feira, o sábado e o domingo aos `mistérios da glória`. Onde se podem inserir os `mistérios da luz`? Atendendo a que os mistérios gloriosos são propostos em dois dias seguidos sábado e domingo, e que o sábado é tradicionalmente um dia de intenso caráter mariano, parece recomendável deslocar para ele a segunda meditação semanal dos mistérios gozosos, nos quais está mais acentuada a presença de Maria. E assim fica livre a quinta-feira precisamente para a meditação dos mistérios da luz.


Esta indicação, porém, não pretende limitar uma certa liberdade de opção na meditação pessoal e comunitária, segundo as exigências espirituais e pastorais e sobretudo as coincidências litúrgicas que possam sugerir oportunas adaptações. Verdadeiramente importante é que o Rosário seja cada vez mais visto e sentido como itinerário contemplativo. Através dele, de modo complementar ao que se realiza na Liturgia, a semana do cristão, tendo o domingo, dia da ressurreição, por charneira, torna`se uma caminhada através dos mistérios da vida de Cristo, para que Ele Se afirme, na vida dos seus discípulos, como Senhor do tempo e da história.


 


 

Fonte: www.cleofas.com.br