Menores infratores são empregados no mercado formal em Piracicaba, SP 60% dos entrevistados estão empregados e têm carteira assinada. Programa Seame, mantido pela Diocese, atende adolescentes e famílias.

13-02-2012 05:52

 

Uma pesquisa feita por profissionais do Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida Socioeducativa (Seame), criado pela Diocese de Piracicaba, no interior de São Paulo, mostra que 60% dos 100 menores infratores que foram entrevistados retornaram ao mercado formal de trabalho após recuperação social com a entidade que completa 31 anos em 2012. A instituição vem coletando dados dos pouco mais de 2,3 mil jovens já atendidos pelo projeto.

As atividades desenvolvidas pelos jovens que estão trabalhando variam entre os setores da indústria (17%), comércio (17%), prestação de serviços (32%) e construção civil (34%). Em relação à profissionalização, 24% dos entrevistados participaram ou fazem cursos profissionalizantes. Os dados mostram ainda que os 40% restantes dos adolescentes estão na informalidade do mercado de trabalho em Piracicaba, sem o registro na carteira de trabalho.

Segundo Dom Eduardo Koaik, fundador do projeto, o trabalho é feito sempre com certa dificuldade, já que os jovens são resistentes no início. "Não é fácil conseguir a presença deles no Seame, mas, depois, eles entendem o trabalho e tornam-se muito responsáveis. Este receio é apenas inicial", afirmou. A média de atendimento no Seame tem sido de 237 jovens nos últimos quatro anos, segundo informou a assessoria de imprensa da Diocese.

Ainda de acordo com o bispo emérito da Diocese de Piracicaba, a ação do Seame é pautada junto à família do menor infrator, com orientações psicológicas para ajudar na busca pela resolução do problema familiar. "É uma assistência permanente em parceria com os pais. Nossa missão é ajudar estes adolescentes a se corrigirem e a entrarem em uma vida de com muito mais responsabilidade", finalizou Koaik.

Pai e mãe
A mãe de um adolescente de 17 anos afirmou que o filho voltou a ser atendido novamente há um mês depois de um ano de ausência do Seame. "Na medida do possível, eu e o Seame tentamos trazê-lo para uma vida normal. Está sendo muito bom para ele, pois a entidade tem feito mais do que um pai e uma mãe fazem. É preciso que ele saiba aproveitar", disse a merendeira de 42 anos. Para ela, a expectativa é grande. "Hoje eu tenho mais força para lidar com a situação."

Além do filho que é atendido pelo Seame, a moradora do Jardim das Flores tem ainda outros cinco filhos para cuidar em parceria com o marido. "Esperamos que tudo acabe bem e que ele pare de correr atrás desses amigos que só trazem problema", afirmou. O filho foi detido pela polícia diversas vezes por envolvimento com o tráfico de drogas, além de porte de arma de fogo e de bombas caseiras.

Entidade
O Seame dá atendimento a adolescentes de 12 a 18 anos que são infratores ou considerados em situação de risco. A entidade tem vínculo com a Vara da Infância e Juventude de Piracicaba, que encaminha os menores sujeitos à medida socioeducativa de liberdade assistida, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

No período de 2000 até 2010, o Seame atendeu 2.362 adolescentes infratores. A equipe de atendimento do programa é formada por assistentes sociais e psicólogos, que tentam motivar o menor para que ele tenha uma melhor perspectiva de vida.

Atendimento
Em Piracicaba, desde 2010, o atendimento das medidas socioeducativas em meio aberto, com liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade, foi municipalizado. O Seame continua realizando o trabalho, agora em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes) que recebe recursos dos govenos federal, estadual e municipal.
 Eduardo Guidini

Do G1 Piracicaba e Regiãofonte: https://g1.globo.com