Macumba pode unir ou separar um casal?
Era fim de missa em um fim de domingo muito agitado. Este pároco, cansado de verdade, atende um jovem casal dizendo-se em crise. E o marido explica: "Sabe, padre, uma amiga de minha mulher fez um trabalho com velas mergulhadas em mel quando foi para nos juntarmos". Ele foi sincero dizendo que não eram casados na Igreja. E continuou: "Agora, padre, a mesma macumbeira fez outro trabalho e a nossa vida está virando um inferno. A minha mulher quer ir embora. Nós somos católicos, sabe? Entramos em um grupo de oração e já estamos até planejando casar na Igreja. Mas como é que a gente faz para desfazer a macumba? Minha mulher anda muito confusa, e eu também." Pedi licença ao casal para responder à pergunta neste espaço e repetir o que disse a eles naquele momento. Assim, esclareceria a mais gente que vive carregada de medos e angustiada por essas práticas que nada têm a ver com o culto ao verdadeiro Deus. Primeiramente, é preciso lembrar que somos filhos queridos de Deus. Nossa vida está nas mãos deste Pai maravilhoso que nos criou para o amor e que não se conforma nem descansa jamais enquanto estivermos longe dele. Quem se confia de verdade às mãos do Pai, guia sua vida pelo Evangelho do Filho e abre o coração para o Espírito Santo de amor, derramado em nós pelo Pai e o Filho, não tem medo de nada. Os "despachos" ou "trabalhos", para o bem ou para o mal, feitos por tanta gente que faz disso meio de vida, só agem nas pessoas que saciam sua fome de Deus com qualquer porcaria. Podem agir psicologicamente em quem é fraco da cabeça ou fraco na fé, mas jamais em quem é equilibrado e tem uma fé firme e madura no Deus de amor, no Pai dos pais. Vou mais adiante acrescentando que, se os macumbeiros da vida de fato influenciassem com seus trabalhos a vida das pessoas, seja para o bem seja para o mal, eles poderiam ser as pessoas mais felizes do mundo. E não o são. A experiência mostra que quem inconscientemente ou, pior ainda, conscientemente vive de enganar os outros, não pode ser feliz. Pode até ajuntar bens deste mundo - e tem muita gente que se enriquece com estas práticas - mas feliz de verdade nunca será. A felicidade consiste em fazer somente o bem sob o olhar amoroso do Deus de amor. O que então, de verdade mesmo, pode unir ou separar um casal? Só o amor recíproco ou a falta deste amor. Nada mais. Quando um homem e uma mulher se amam de verdade e vivem este amor à luz da fé, não há macumba que dê jeito. E quando falta este amor da parte de um deles, não há como unir esses corações. Será que me fiz entender? Tomara que sim. Mas tomara mesmo é que os homens e mulheres entendam que o amor é coisa linda e séria. Que um homem e uma mulher entendam o matrimônio como uma vocação, um chamado de Deus. E que o projeto de Deus para a família é grandioso. Deus não chama nenhum casal para brincar de casinha e, depois de enjoarem da brincadeira, partirem para outra. PADRE CIDO PEREIRA |
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Fonte: Arquidiocese de São Paulo
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