História da Igreja: 21/10/2010 - Parte 3

22-10-2010 07:27

 

continuação:

Os Tempos Bárbaros (476 - 1050)

 

- A importância do monaquismo de São Bento

 

- Ano 432 - Evangelização da Irlanda por São Patrício.

 

- Em 476  - Roma caiu nas mãos dos ostrogodos.  

 

Bárbaros: francos, burgúndios, visigodos, godos, ostrogodos, suevos, vikings, magiares, hunos, vândalos, alamanos, turíngios...

 

- Seis séculos em que se formaram os mais variados povos e civilizações, onde a Igreja passa a ser o "guia moral e espiritual".

 

Daniel Rops (Vol  II, pg. 310):

 

"Do século VI ao XIII, não haverá obra alguma de valor que não esteja na dependência da Igreja, e não se poderá citar um só nome que não seja eclesiástico - bispo, sacerdote ou monge". 

 

"Não foram os discursos de Cícero e nem os versos de Virgílio, nem os pensamentos de Platão e Aristóteles que salvaram a civilização decadente nos tempos bárbaros, mas os valores e o trabalho do Cristianismo. Para S. Agostinho (354-430) somente o Cristianismo poderia ser uma fortaleza para proteger as riquezas do espírito contra a ameaça dos bárbaros". (A Cidade de Deus)

 

 São Agostinho (354-430)

 

"O mundo envelhece, o mundo move, o mundo vai desaparecer. Mas tu, cristão, nada receies, porque a tua juventude se renova como a da águia".

 

Orientou o futuro em relação ao casamento, a família, a pátria, o Estado, o trabalho, a guerra justa, a escravidão... e tudo isso influencia a vida ocidental até hoje.

 

"Se a Cidade humana tomar por modelo a Cidade divina, será inabalável; e este foi o lema dos reis cristãos Carlos Magno, Santo Henrique e São  Luiz IX. Daí surgiu a idéia do "Sacro Império Romano" Franco e Germânico.

 

Papa João II, em 534:

 

"As doutrinas que a Igreja romana segue e mantém são as de S. Agostinho" (DR, vol. II, pág 59). Mas não é só no plano religioso que Agostinho influenciou; suas idéias políticas e sociais moldaram o Ocidente.

 

Na Idade Média S. Bernardo, S. Luiz de Franca, Dante, S. Tomás de Aquino, Duns Escoto, Abelardo, Santo Anselmo, Mestre Eckhart, foram seus discípulos, dez séculos depois.

 

Grandes Santos da época

 

- São Martinho de Tours (316-397), bispo  na Gália, França, foi monge. Introduziu o monaquismo na França; os monges na França se tornaram os mestres de espiritualidade e os responsáveis pela configuração da Igreja.

 

- Bispos defensores das populações e da civilização:

 

São Paulino de Nola (353-431),

 

São Máximo de Turim (? 465),

 

São Agostinho de Hipona (? 430),

 

São Hilário de Poitiers (315-367),

 

São Pedro Crisólogo (? 450) de Ravena.

 

- Papa São Leão Magno (440-461): romano, enfrentou Átila (hunos) em 452 e Genserico (vândalos).

 

Os monges e os mosteiros

 

- Mosteiros de São Bento (480-547) - "ora et labora" - cruz e arado - 

 

Meta: edificar a nova sociedade sobre as ruínas romanas.

 

Em 529 - São Bento funda o mosteiro de Monte Cassino.

 

Os monges preservaram a literatura, estudaram as músicas, os escritos dos historiadores e filósofos.

 

Cada mosteiro e escola monástica tornaram-se um centro de vida religiosa e educacional.

 

Ensinaram metalurgia, introduziram novas culturas, foram pioneiros na tecnologia, inventaram a champanha, o relógio, usaram a água para produção, melhoraram a paisagem européia, socorreram os andarilhos e cuidaram dos náufragos.

 

S. João Crisóstomo (349-407) conta que já no seu tempo (347-407) era comum ao povo de Antioquia enviar seus filhos para serem educados pelos monges.

 

S. Bento instruiu filhos dos nobres romanos.

 

Chateaubriand (1960) - (O Gênio do Cristianismo):

 

 "Os mosteiros, como espécies de fortalezas em que a civilização se abrigou sob a insígnia de algum santo... A cultura da alta inteligência conservou-se ali com a verdade filosófica que renasceu da verdade religiosa. Sem a inviolabilidade e o tempo disponível do claustro, os livros e as línguas da Antigüidade não nos teriam sido transmitidos e o elo que ligava o passado ao presente ter-se-ia rompido".

 

A biblioteca do Monte Saint-Michel, no século XII, continha textos de Catão, O Timeu de Platão (em tradução latina), diver­sas obras de Aristóteles, de Cícero, trechos de Virgílio e de Horácio.

 

Se destacaram na literatura desta época:

 

São Paulino de Nola (?431), bispo na Champagne;

 

São Sidônio Apolinário

 

São Venâncio Fortunato (530-600)

 

Santo Enódio de Pádua

 

Santo Avito e muitos outros... todos da Igreja.

 

-  Ano 500 - Clovis (Clotilde), rei dos Francos é batizado em Reims por S. Remígio.

 

Pela mesma fé católica, uniu entre si francos e romanos. 

 

- Papa São Gregório I Magno (590-604)

 

- 7 a 8 milhões de cristãos numa população global de cerca de 10 milhões.

 

Primeiro monge a ser Papa ("Servus servorum Dei"). Cristianização dos anglo saxões com 40 monges.

 

- As instituições e as normas do Direito Civil foram sendo impregnadas de espírito cristão, relativas à mulher, à criança, à família, ao trabalho e até `a guerra. Era algo novo para os bárbaros.

 

- os Bispos tiveram que assumir também tarefas de ordem temporal.

 

- 500 - monge Dionísio o Pequeno, romano, o primeiro a propor o cálculo do tempo a partir do nascimento de Cristo 753 da fundação de Roma.

 

- 553 - o reino bizantino toma a península itálica dos ostrogodos, com governador em Ravena.

 

- 558 os lombardos tomaram o norte da Itália.

 

 - 563 - S. Columbano (?597) funda o mosteiro de Hy na Inglaterra, começa a evangelização da Escócia.

 

- No Oriente, Constantinopla isolou-se, e o domínio que os Imperadores orientais (Basileus) quiseram exercer sobre a Igreja (o cesaropapismo), e chamavam para  a si as questões de doutrina e de fé, deu  origem a muitas discussões e disputas.

 

S. Bonifácio estabeleceu uma escola em cada mosteiro fundado na Alemanha; na Inglaterra.

 

S. Agostinho de Cantuária e seus monges criaram escolas por toda parte onde foram.

 

- São Beda Venerável (673-737), o grande doutor da Igreja inglesa, erudito monge e historiador, exegeta e moralista, iniciou os anglo-saxões na tradição patrística e influenciou todo o Ocidente.

 

Christopher Dawson (1991) diz que:

 

 "São Beda representa no Ocidente o mais alto grau de cultura intelectual que se pôde atingir no período compreendido entre a queda do Império romano e o século IX".